Nas estradas do Nordeste
Tanto causo pra contar
Estórias de vida e morte
Contos pra gargalhar
Memória de gente forte
Fraquezas para agüentar
Tristezas que varrem a alma
Saudade até faz chorar
Fazer arte desta lida
É a sorte de inventar
É cantar a morte e a vida
É sorrir e é chorar
Eu vi menino e menino
Sem terço, berço nem lar
Compondo a própria sina
Sem versos para rimar
Eu vi velho sem história
Sem um bem pra consolar
Vi um país sem memória
Sem futuro pra sonhar
Mulheres de garra e fibra
Homens de muita valia
Gente de tanta presteza
Terra de muita alegria
Lugar de tanta esperança
Que não se cansa jamais
De esperar melhores dias
De benção, fartura e paz
A juventude é roseira
Que precisa de carinho
Para crescer por inteira
E pra seguir seu caminho
Amando e querendo bem
A esta terra querida
Lutando pela injustiça
Consciente e destemida
No céu azul do Nordeste
Escrevi o meu poema
Para aquele cabra da peste
O rapaz da cor morena
Do sol vem todo o calor
Que o amor pode tomar
Para não morrer de dor
E os corações esquentar
No céu, na terra, no mar
Em qualquer lugar que seja
Que o visitante chegar
O Nordeste tem beleza
A natureza é tão linda
E ainda teima em viver
Toda presença é bem-vinda
Sendo para o bem trazer
Dignidade é meu nome
Sobrenome é Nordestina
Sou parceira da verdade
Sou assim desde menina
Para mim, pra esta terra
Que quero cumplicidade
Sou inimiga da guerra
E amante da liberdade